Ciganos

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domingo, setembro 17, 2006

Simpatia Cigana para se ter paz no lar:

3 turmalinas azuis
1 tablete de anil
1 vela azul
1 incenso de madeira
essência de madeira
1 saquinho de pano azul
1 tigela de água com açúcar e 1 pitada de sal
1 tigela grande com água pura
Lave as pedras com a água com açúcar e sal. Dissolva o anil na água pura até que fique azul. Coloque as pedras dentro e deixe da noite para o dia no sereno. Nessa noite, acenda o incenso para limpar o ambiente da sua casa.
No dia seguinte, tire as pedras da tigela e use a água de anil para lavar sua casa: primeiro de dentro para fora, e, depois, de fora para dentro. Ponha uma das pedras no saquinho e o pendure atrás da porta da sua casa. Dê a segunda para o seu marido levar na carteira; e fique com a terceira para você, para trazer paz e felicidade. Misture a essência com água e lave as roupas de todos os que moram na casa.

sexta-feira, setembro 01, 2006

A Magia na Vida Cigana
A integração dos ciganos com a natureza é permanente, obrigatória sob um ponto de vista e imprescindível sob outro. Obrigatória pela imposição da sua vida andarilha, e imprescindível porque seria praticamente impossível armarem suas tendas nas praças ou ruas das aldeias ou cidades.
Existe idéia enganosa de que os ciganos temem as águas do mar, o que é uma perfeita bobagem. Eles viajaram por mar para outros países, e muitos deles viviam em embarcações como condenados colocando a força de seus braços nos remos, que moviam esses barcos. A verdade é que normalmente armavam suas tendas próximas a locais de água doce – cachoeiras, rios – pela sua serventia para beber, lavar, cozinhar, etc. No Brasil, os ciganos reverenciam Iemanjá, a rainha do mar, e mantêm o hábito de lhe levar flores e presentes, velas, champanhe, no dia 31 de dezembro, pedindo bênçãos e proteção. Muitos trabalhos de magia são feitos na areia do mar e outros entregues nas águas do mar para que Iemanjá tome conta.
A natureza é a generosa doadora da própria sobrevivência cigana. Nela o povo busca os mais variados tipos de alimentos e a água, líquido precioso da sustentação da vida. Todavia, o povo cigano não entende a natureza somente como a doadora dos elementos fundamentais como alimentos e água, mas como uma fonte magnífica e inesgotável de energia. Aí começa o lado mágico da natureza cigana, o fundamento etéreo da vida, o lado abstrato muitas vezes não compreendido racionalmente pelos próprios ciganos. Eles entendem que a natureza é que fornece a vitalidade, o frescor da vida renovada a cada dia do ponto de vista da troca energética. Do céu, do Sol, dos astros, da Lua em suas diferentes fases, desce a energia positiva de Deus, a força divina que mantém o homem em pé, apto ao trabalho, às caminhadas, a gerar filhos, e a todos os tipos de alegrias, sensações,emoções e sentimentos. A terra, que pisam propositadamente sem sapatos, recebe sem recusas e sempre aberta todas as energias negativas, os temores, as angústias, as tristezas e os desconsolos de um povo perseguido. A terra abençoada, que recebe sem reclamar os restos daqueles que dormem nos braços da morte, transformando-os em novas formas de vida.
Os ciganos não são politeístas. Adoram a um só Deus – Dou-la – mas vêem as naturais manifestações da natureza como divindades. Além dos astros do céu, abençoam e pedem bênçãos à chuva, às águas dos rios, das cascatas, riachos, cachoeiras, às árvores das matas, respeitando os trovões, a força dos raios e o fogo, que aquece e purifica. Admiram os pássaros, as flores, os animais e toda forma de vida que brota da natureza, pois entendem que tudo e todos são maneiras de Deus se revelar aos homens. Compreendem que o ar é energia vital, o elemento vivificador da vida e oram para que as ventanias, tufões e vendavais não destruam seus acampamentos e seus lares-tendas.
O povo cigano respeita e reverencia os quatro elementos – terra, água, ar e fogo –cultuando os elementais ligados a esses elementos. Também acredita em presságios e avisos provenientes da natureza e de seus elementos. Sabem quando se aproxima uma tempestade, um vento mais forte, uma nevasca ou um sol de rachar. Reconhecem quando há água por perto, ou a viagem prosseguirá em terreno árido e seco. Pressentem os perigos das matas pelo movimento dos pássaros e outros sons peculiares da natureza. É sábio o povo que sabe ouvir a natureza, convivendo com ela pacífica e respeitosamente, e nisto o povo cigano é mestre.
As ciganas se valem de inúmeras formas de adivinhação, como a análise da borra de café, resíduos de chá deixados no fundo de uma xícara, da queda de gravetos ou pequenas pedras no chão, na maneira como gotas de azeite se distribuem num prato com água, no jogo de moedas, em como fica a água de uma bacia exposta à Lua cheia com uma moeda depositada no fundo, na maneira como queima uma vela (tipo da chama, se a vela “chora” ou não e os restos da mesma), porém suas duas grandes armas de leitura do destino são a leitura das linhas da mão – a quiromancia – e a apresentação das cartas do baralho, associando a estas a visão mágica pela bola de cristal.
As velhas ciganas conhecem os efeitos medicamentosos ocultos nas plantas, e preparam com elas, ungüentos, pomadas, pós, remédios, xaropes, banhos, inalações e chás. Conhecem também inúmeras rezas e invocações que complementam o trabalho das ervas e fazem parte de seus tratamentos de cura.
O preparo dos alimentos também está na incluído na magia cigana, por isso existem algumas regras em sua cozinha. As meninas ficam sempre por perto de suas mães para aprenderem desde cedo a cozinhar. A comida é mexida na panela com colheres de pau para que tenha mais sabor e energia, a energia da madeira O movimento de mexer a comida nas panelas é sempre executado no sentido horário, por ser o movimento acumulador de energia, ou vitalizador; mexer o alimento no sentido contrário torna-os enfraquecidos e menos nutritivos. A mesma panela não deve ser mexida ou tocada por mulheres diferentes, pois cada pessoa tem o seu nível de energia e as energias de diferentes pessoas não devem ser misturadas para não estragar o alimento. Uma mulher menstruada nunca toca ou prepara os alimentos, pois é considerada impura nos dias de ciclo menstrual e vulnerável às energias negativas, que poderão passar para os alimentos. Uma mulher ma—humorada, irritada, triste, colérica ou exasperada, nunca deve tocar nos alimentos para que esses sentimentos não sejam absorvidos. Bons pensamentos e sentimentos devem estar sempre presentes durante o preparo das refeições para que elas tenham seu valor energético enriquecido por estas boas referências. Cantar, ouvir música, rememorar fatos agradáveis ou planejá-los são boas maneiras de esvaziar os pensamentos de inutilidades e prepara uma boa e energética refeição.
Quando os ciganos preparam grandes assados o fazem a céu aberto e servem para alimentar toda a comunidade ou clã, que possui um espírito altamente fraterno e solidário como se todas as famílias da caravana fossem uma só. Esta é uma maneira de cantarem, dançarem, beberem, enfim, fazerem uma festa, que é uma das coisas de que o povo mais gosta e que tem mais prazer de fazer, já que são alegres e festivos, e não se entregam às dificuldades naturais da vida e às muitas decorrentes da sua maneira nômade de ser e estar. Eles possuem uma relação inata com o não-ter, daí que não experimentam as angústias daqueles que vivem pelo ter, pelo possuir, pelo acumular. O cigano precisa apenas da alegria de sua alma e da voz que canta as melodias do seu coração nômade, mas temente a Deus.

Namastê!