CHÁ CIGANO
Em todas as festividades ciganas, não pode deixar de ter o chá cigano (Tcháyo) tradicional e energético, que tem um significado especial em cada ingrediente. Este chá tem uma conotação espiritual tão intensa, que fazê-lo e tomá-lo, requer um ritual.
Cada ingrediente usado tem um significado especial, por isso tem que ser escolhido com muito cuidado.
O Samovar, utensílio de origem russa, é apropriado para preparar e servir o chá. Isso dá a esse ritual um aspecto rico, requintado e característico. Se você não possuir um, procure escolher uma chaleira ou bule bem decorado para fazê-lo.
Ingredientes que serão usados no ritual do chá.
Para servir com o chá:
Colocar numa tigela à parte, já previamente lavadas, as frutas: morangos, damascos, uvas Itália, ameixas secas e maçãs picadas ao suco do limão. A quantidade de frutas deverá estar do acordo com o número de pessoas a serem servidas.
Preparação do chá:
Ingredientes:
2 litros de água.
28 cravos - o cravo significa energia física e força vital que vai para a corrente sanguínea.
28 paus de canela - porque a canela é revigorante.
21 anis-estrelado - representa a união com seu Eu interior - Paz Caldo de 3 laranjas-pêra - a laranja significa alto astral, alegria.

Modo de fazer o chá:
Quando a água atingir a fervura, junte todos os ingredientes e deixe ferver por alguns minutos.
Serve-se o chá como um ritual.
Em cada xícara, deverá ser colocada uma fruta de cada espécie citada
acima, pois cada uma tem seu significado.
1 morango - harmonia e purificação do organismo.
1 damasco - transcendência, prosperidade, forca e equilíbrio.
1 ameixa seca - transformação.
1 pedaço de maçã ao suco do limão - paixão, casamento, união e amor.

Saúde! Namastê!

Quem é Santa Sara Kali?
Várias lendas existem sobre a santa de devoção dos ciganos. Com as perseguições sofridas pelos seguidores de Jesus, alguns de seus discípulos foram colocados numa barca, sem provisões e sem remos, ao sabor do destino. Entre eles estavam Maria Salomé, mãe de Tiago e João (dois discípulos de Jesus), Maria Jacobé, Lázaro, Marta e Maria Madalena, entre outros. Sara, escrava de Maria Jacobé, juntou-se ao grupo, suplicando que a levassem. Maria Salomé atirou seu manto nas águas em direção a Sara, que caminhou sobre ele, alcançando a barca.
A embarcação chegou ao sul da atual França e aportou em Petit-Rhône, hoje chamada Saintes-Maries- de-la-Mer. Maria Jacobé e Maria Salomé ficaram no local da chegada, em companhia de Sara. Os outros seguiram viagem, continuando sua evangelização, levando a Boa Nova a diferentes partes do mundo. Antes da partida, ergueram um rústico oratório em homenagem à Virgem Maria. Atualmente, séculos mais tarde, existe nesse local, na cidade de Camargue, a Igreja de Notre-Dame-de-la-Mer, Nossa Senhora do Mar, que abriga as relíquias de Maria Jacobé, Maria Salomé e Sara. Essa igreja é um dos locais por onde passam os peregrinos do Caminho de Santiago de Compostela, pois faz parte de sua rota de peregrinação.
Em 1449, quando essas relíquias foram descobertas, começou uma peregrinação à Igreja de Nossa Senhora do Mar que acontece até hoje, nos dias 24 e 25 de maio. Nesses dias, os ciganos brasileiros comemoram a slava em homenagem a Santa Sara. É oferecido um banquete à Santa, que é colocada no centro da mesa, em lugar de destaque. Junto à sua imagem vê-se um manrô, pão redondo, com um punhado de sal e uma vela. Esse pão é posto numa bandeja cheia de arroz cru, para chamar saúde e prosperidade. Ao término da refeição, ele é dividido entre os convidados pelos donos da casa.
Em março de 1990 a imagem de Santa Sara foi descoberta pelo casal de artistas sacros Neyde e José Marçal. Até aquela data os brasileiros não tinham a menor idéia de quem era Santa Sara Kali, muito menos se ela era ou não a padroeira dos ciganos. Pelo fato de Sara possuir a pele morena, os ciganos cultuavam, no Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Daí ser comum se ver a imagem de Nossa Senhora Aparecida nos altares ciganos.
Namastê!
Norma Estrella