Ciganos

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sábado, março 18, 2006

OS ELEMENTOS

A prática de qualquer arte “mágica”, implica no conhecimento, aproximação e intercâmbio com a natureza e os elementos que a compõem. Os elementos naturais formam, em sua plenitude, os reinos mineral, vegetal e animal, a que estão submetidas todas as formas vivas no universo. Esses elementos (ar, água, terra e fogo), originam-se a partir de um quinto elemento, que é a essência imaterial que constitui o mundo manifestado. A Quintessência ou Éter Universal, que dá a vida e pode alcançar todas as formas é o princípio e ao mesmo tempo, o fim em si mesmo.
Os elementos da natureza estão presentes em tudo, por isso é preciso conhecê-los, para saber de que forma você utilizará suas propriedades na prática do baralho cigano. Graças aos elementos, a natureza se expressa através de infinitas formas em todos os reinos. Eles são a base de tudo quanto existe, e não são apenas um símbolo, mas uma energia. No Oriente usam o éter (Quintessência) como o quinto elemento. Simbolizam os quatro estados físicos da matéria; o quinto é o mais sutil, etérico. Tudo o que é percebido pelos nossos sentidos físicos é composto por esses elementos. Muitas culturas colocaram esses elementos em sua religião, filosofia etc. Os elementos são sempre originários de uma fonte inicial, de uma energia primária. Essa fonte se subdivide em outras fontes.
Na filosofia grega, os elementos eram apresentados como faculdades do homem: a moral correspondia ao elemento fogo; a estética e a alma correspondiam à água; o intelecto, ao ar; e os atributos físicos, à terra.
“Tudo o que vemos com os olhos é formado por um ou mais dos cinco elementos (terra, água, fogo, ar e éter) e todos esses elementos são inimigos entre si. Com a ajuda da alma todos eles estão contidos e são ativos no corpo humano em maior ou menor grau em cada corpo conforme o carma de cada um. Quando a alma deixa o corpo, os elementos se dissociam e voltam para suas fontes.” – Charan Sing
Os seres que habitam cada elemento são chamados elementais. Eles estão situados entre os anjos e os homens. Apresentam corpo energético, mente e espírito.


ELEMENTO TERRA:
Passivo e feminino, possui uma forma bastante firme e duradoura. Dá forma à matéria e recebe as descargas energéticas da natureza, depurando-as para que retornem transformadas. A utilização mágica desse elemento é possível através dos minerais, metais e vegetais. As pedras, preciosas ou não, e os metais têm a capacidade de filtrar e amplificar energias do ambiente ou do plano mental, solidificando formas através do exercício da vontade. O contato freqüente com as plantas aumenta o poder intuitivo, revitaliza o corpo e renova as energias com mais firmeza e constância.
Os elementais da Terra são os gnomos e duendes. Costumam assumir formas semelhantes à humana quando desejam se mostrar visíveis. São guiados pelo Senhor Gob, trabalham o Chakra Básico e estão ligados ao ponto cardeal sul.



ELEMENTO AR:
Masculino e ativo, é o elemento responsável pelo trabalho intelectual e artístico no homem, pois age em conformidade com o plano mental.
Os elementais do ar são os silfos, elfos e fadas. Eles moldam os ventos e as nuvens e mostram-se com asas, o que permite que se movimentem com rapidez, como um vento brando e agradável. São guiados pelo Senhor Perauda ou Peralta, ligam-se ao ponto cardeal leste e trabalham o Chakra Cardíaco. Através da fumaça, pode-se invocá-los e utilizar sua força mágica, daí a importância dos incensos e defumadores.


ELEMENTO FOGO:
Também masculino e ativo, representa o início e o fim da existência do homem. De todos os elementos, é o mais perigoso e também o mais poderoso, quando visto por sua ação criadora e destruidora, assim como por seu poder transmutador. Por limpar e transmutar as energias negativas, é usado em qualquer ritual de magia em forma de vela, carvão queimando, pira ou fogueiras. Suas chamas são ideais para concentração, viagens astrais, meditações e o desenvolvimento da intuição.
Os elementais do fogo são as salamandras, que desenvolvem sus tarefas dando direção e ação às energias solares. Possuem a capacidade de transformar qualquer matéria com a qual entrem em contato. Apresentam-se sob a forma incandescente e luminosa, em formatos circulares, como bolas ou línguas chamejantes e brilhantes, segundo Paracelso. Podem ser vistas ainda como uma espécie de lagarto, vivas na natureza. São regidas pelo Senhor Djin, que costuma mostrar-se com o corpo em forma de chama e as mãos vermelhas, ligam-se ao ponto cardeal norte e trabalham o Chakra Umbilical.


ELEMENTO ÁGUA:
Feminino e passivo, esse elemento mexe com as emoções, com as águas internas do organismo; está ligado ao plano emocional e aos relacionamentos.
Os elementais da água são as ondinas, também chamadas ninfas e sereias. São encontradas nos rios, córregos, fontes, mares e até mesmo numa pequenina gota de chuva ou orvalho. Apresentam-se com graça e beleza, de forma sempre feminina e realizam no homem o trabalho de purificação. Nas quedas d’água mostram um movimento frenético e alegre, conferindo grande beleza. Na água do mar encontramos ondinas fortes que trabalham intensamente no vai e vem das ondas. São capazes de devolver o equilíbrio emocional e purificar os sentimentos do indivíduo. As ondinas podem ser invocadas através da água ou do vinho; estão ligadas ao ponto cardeal oeste e trabalham o Chakra Sexual.
O príncipe Necash é o senhor das águas e aparece como uma cobra gigante de rosto humano e cabelos azuis e verdes.




“O que quer que você possa fazer ou sonha que possa, faça-o! Coragem contém genialidade, poder e magia. Comece-o agora!” - Göethe

Norma Estrella

sexta-feira, março 17, 2006

Os ciganos no Brasil

Não se tem muitos documento a respeito d história dos ciganos porque, como sua língua é ágrafa, sem grafia, não existem registros escritos. A informação nos é chegada através de afirmações orais nem sempre comprovadas.
Somente no final do século XVII é que podemos ver generalizado o degredo de ciganos para o Brasil. Bandos deles, provenientes de Castela, entravam em Portugal. Sua Majestade D.Pedro, rei de Portugal e Algarves, preocupadíssimo com a “inundação de gente tão ociosa e prejudicial por sua vida e costumes, andando armados para melhor cometerem seus assaltos”, decidiu determinar, por decreto, que, além do degredo para a África, eles seriam também banidos para o Brasil: “Tendo resoluto que os ciganos e ciganas se pratique a lei, assim nessa corte, como nas mais terras do Reino; com declaração que os anos que a mesma lei lhes impõem para África, sejam para o maranhão, e que os Ministros que assim o não executarem, lhes seja dado em culpa para serem castigados, conforme o dolo e omissão que sobre este particular tiverem.” – Decreto em que se mandou substituir o exílio da África para o Maranhão, in F.A.Coelho, Os Ciganos de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1892.
Esta resolução real foi estabelecida em 1686, mas a história dos ciganos no Brasil teve início realmente quando, em 1574, durante o reinado de D.Sebastião, o cigano João Torres veio degredado para o Brasil com sua mulher e filhos por cinco anos.
A Metrópole despejou seus “criminosos” nas terras coloniais ultramarinas, particularmente no Brasil e África. A colônia, por sua vez, mandou seus elementos indesejáveis e “gentes inúteis” para outras capitanias e continentes.
Em Minas Gerais, a presença cigana é sentida a partir de 1718, quando chegam ciganos vindos da Bahia, para onde haviam sido deportados de Portugal. Na época em que começaram a chegar em Minas Gerais havia neste estado um movimento muito importante com objetivos de progresso e ideais de independência. Como essas idéias não estavam consoantes com os ciganos, eles não eram bem vistos, sendo considerados inúteis à sociedade, vândalos, corruptores de costumes. Só começaram a ser vistos de outra forma quando passaram a comercializar escravos pelo interior do país. Esta atividade proporcionou uma maior aceitação e mesmo valorização social dos ciganos, já que passaram a exercer um trabalho reconhecido como útil por grande parte da população. Alguns ciganos tornaram-se ilustres, patrocinando até festividades na Corte.
No Rio de Janeiro, nos anos de 1700, os ciganos se estabeleciam nas cercanias do Campo de Santana. Suas pequenas casas, guarnecidas de esteiras ou rótulas de taquara, cercam o campo, dando origem à chamada Rua dos Ciganos (da Constituição). Os ciganos festejavam Santana, a quem chamavam de Cigana Velha.
Nas últimas décadas, pesquisadores concluíram que os ciganos no Brasil estão divididos em dois grandes grupos: Rom e Calon.
O grupo Rom é dividido em vários subgrupos como os Kalderash, Matchuara, Lovara e Tchurara.
Do grupo Calon, cuja língua é o caló, fazem parte os ciganos que vieram de Portugal e Espanha para o Brasil. São encontrados em maior número no nordeste, Minas e parte de São Paulo.
A Constituição de 1988 quase teve um artigo específico para os ciganos estabelecendo o respeito à minoria cigana. O então deputado Antonio Mariz propôs emenda proibindo discriminação étnica ou racial.
Mesmo assim, os ciganos estão abrangido pela grande proteção dada pelos artigos 215 e 216 da Constituição, que manda preservar, proteger e respeitar o patrimônio cultural brasileiro, que é constituído pelos modos de ser, viver, se expressar, e produzir de todos os segmentos étnicos que formam o processo civilizatório nacional.
Como toda minoria étnica (religiosa ou lingüística), os ciganos têm direitos importantes. O primeiro deles é o direito de não ser objeto de discriminação.
Afinal, um povo fascinante, amante da natureza, que sabe respeitar suas crianças e seus anciãos, que conserva suas origens e tradições apesar de toda perseguição e barbaridades sofridas, merece ser respeitado.
Não adianta amarmos nossas “entidades” ciganas, promovermos festas em sua homenagem, se não tivermos um mínimo de respeito e consideração por sua raça.

Namastê,

Norma Estrella

quarta-feira, março 08, 2006

MANDAMENTOS CIGANOS

1- Amar a Deus acima de tudo e respeitar todos os santos
2- Respeitar a Semana Santa
3- Respeitar todas as relighiões e credos que elevem o nome de Deus
4- Ajudar-se mutuamente
5- Amar e não desmerecer as crianças
6- Respeitar os idosos e não desprezar sua sabedoria
7- Não mostrar o corpo
8- Não se prostituir
9- Manter a fidelidade entre os casais
10- Não se envergonhar de sua origem
11- Não deixar de praticar o dom da adivinhação
12- Não trair seu povo

A ORIGEM

Quando se estuda a origem de um povo, sua formação e desenvolvimento social, religioso, econômico, é necessário levar em conta documentos ou registros escritos. O povo cigano não possui uma linguagem escrita; o romanê ou romanez, que é a sua linguagem básica, é essencialmente oral. É expressamente proibido ensinar o romanê a não-ciganos e livros que contenham vocabulário ou dicionário deste idioma, com certeza, não poderão provar sua autenticidade. Ela é tradicionalmente transmitida de pai para filho, de uma geração para outra. Sendo assim, não se tem documentos da história dos ciganos, que também é passada oralmente.
Afirmam os estudiosos que o povo cigano teve sua origem na civilização da Índia antiga, mais ou menos há três mil anos antes de Cristo. Nessa época, vivia um povo às margens do rio Indus, região noroeste da Índia, onde hoje está o Paquistão. Era um povo amante da música, da magia e das cores alegres, e que não estava preparado para a guerra; por isso, quando a região foi dominada por invasores árabes, escravizando o povo, alguns conseguiram fugir para outras terras. Quando lá chegavam normalmente eram bem recebidos, pois seus chefes apresentavam-se como príncipes, duques, condes e levavam falsas cartas de apresentação da nobreza e do clero europeus. Diziam-se peregrinos cristãos vindos do Egito e assim, obtinham licença das autoridades locais para se instalarem. Logo depois, os homens começavam a praticar pequenos furtos e as mulheres, a ler a sorte. Eram então considerados malditos e responsáveis por epidemias e incidentes. Algumas vezes, ofereciam-lhes dinheiro para deixar a região; outras, eram perseguidos e expulsos. Foram desta forma, tornando-se um povo nômade.
Várias lendas foram criadas para justificar tamanha perseguição e, na época das Grandes Descobertas os ciganos encontraram hospitalidade na Espanha e em Portugal, interessados em enviá-los às colônias africanas, asiáticas e americanas.
No Brasil, conhecemos dois principais grupos ciganos: os Calom, que vieram da Espanha e Portugal, por volta de 1574, e foram, na sua grande maioria, feitores de escravos nos engenhos de cana-de-açúcar; e os Rom, que chegaram da Hungria, Turquia, Rússia, Iugoslávia e Grécia a partir de 1822, embora a maioria tenha vindo no período entre as duas grandes guerras mundiais.
Outros pontos que parecem justificar a sua origem é a pele morena, comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas e alguns princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai Absoluto. Tanto para os ciganos quanto para os hindus a religião é muito forte e norteia muito do seu comportamento, ditando normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos. Quem infringe algum princípio comete falta grave, ficando sujeito às penas dos círculos cármicos até por algumas encarnações, além das penalidades impostas pela sociedade.
O gosto pela dança e sua importância ritualística, a forma recatada das mulheres não expondo o corpo, também podem ser consideradas outras semelhanças entre os hindus e os ciganos.
Outro fato que chama a atenção para a provável origem indiana do povo cigano é a santa por quem nutrem sua principal devoção, Santa Sara Kali.
Kali é venerada pelo povo hindu como uma deusa, que consideram como mãe universal. Sua pele é negra tal como Shiva, uma das pessoas da Trindade divina para os indianos (Bramam, Vishnu e Shiva). Kali é a forma feminina da palavra kala, que significa tempo. Para os ciganos, Santa Sara possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra, num paralelismo claro com a deusa hindu. Santa Sara abençoa o povo, zela pela família, os acampamentos, guarda a tenda, os alimentos, aniquilando os poderes negativos e os males que possam afetar as famílias ciganas.

Namastê!